Movimentos mais lentos, tremedeira,
dificuldades para caminhar, se alimentar e se vestir. Tudo isso é
resultado da Doença de Parkinson,
uma disfunção na área do cérebro responsável pelos movimentos,
principalmente os chamados automáticos, que são aqueles que fazemos sem
pensar – como respirar, andar ou levantar de uma cadeira. A
fisioterapeuta, especializada em reabilitação neurológica Mariana
Vulcano Siqueira, da Associação Brasil Parkinson, explica que essas
tarefas são as mais difíceis para o portador da doença. “Entretanto, com
a realização de alguns exercícios e atividades simples é possível
melhorar o convívio do paciente com a doena”, diz.
No Dia Mundial do Parkinsoniano (04 de
Abril), uma série de especialistas indicam os hábitos que podem ajudar o
paciente a executar tarefas diárias com mais independência e até mesmo
prevenir outras complicações da doença. Vale ressaltar que as
recomendações são mais eficientes se forem seguidas quando o
diagnóstico ainda é recente.
Exercícios diários
Para que o paciente com Parkinson possa executar movimentos
automáticos, é necessária a prática de diversos exercícios diários. O
objetivo desse treino é fazer com que o movimento passe a ser feito de
maneira consciente, e não mais automática. A fisioterapeuta da
Associação Brasil Parkinson explica que o portador da doença deve
passar a fracionar os movimentos, prestando atenção em cada gesto.
“Para ele não é mais simplesmente andar, é levantar uma perna,
colocá-la para frente, depois levantar a outra perna e assim por
diante”, diz.
Mariana explica que podem ser usadas
pequenas pistas tanto visuais quanto auditivas na hora de executar uma
tarefa. “É possível riscar várias linhas no chão, de forma que o
paciente pule cada uma delas quando for andar, assim como podemos fazer
uma contagem para cada movimento”, diz. Ela afirma que essas pistas
são uma forma de substituir a função automática por uma função
consciente. “Pular a faixinha ou contar o passo faz com que o paciente
se conscientize da tarefa, executando-a com mais rapidez e facilidade.”
Tai Chi Chuan
Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA), feito
com 195 pessoas, mostrou que os movimentos do tai chi chuan podem
ajudar a reverter alguns dos sintomas físicos da doença de Parkinson. A
prática do exercício duas vezes por semana durante 60 minutos ajudou
os pacientes a manter o equilíbrio e fazer movimentos com mais
precisão.
O fisioterapeuta Frederico Brant, da
Academia Rio Sport Center, afirma que o tai chi chuan promove
mobilidade, equilíbrio e estabilidade aos portadores de Parkinson. Esse
conjunto de habilidades acaba gerando mais autonomia para execução das
atividades diárias e diminuindo o risco de quedas. “O tai chi tem
exercícios que envolvem grandes amplitudes de movimento e estabilidade
postural, servindo como ferramenta de combate aos sintomas da doença”,
diz Frederico.
Musculação
Um estudo realizado pela Universidade de Illinois, na cidade de
Chicago, afirma que fazer musculação durante uma hora, duas vezes por
semana, pode melhorar a coordenação motora de pessoas com Parkinson. De
acordo com o personal trainer Juliano Farah, gerente de musculação da
Cia. Athletica de Brasília, as consequências geradas pela doença
incluem perda e redução da força muscular, além da rigidez dos
músculos. “A musculação consegue reverter esses problemas e melhorar a
estabilidade da caminhada. A postura também ganha alinhamento”, afirma.
Para Juliano, a frequência e intensidade
do exercício dependem do grau da doença e o trabalho físico de
pacientes com Parkinson deve ser realizado em parceria com o
neurologista que acompanha o caso. “Se o programa incluir exercícios
com aparelho, o ideal é buscar aqueles com mais conforto e apoio para o
corpo, como bicicletas ergométricas máquinas de musculação, em vez de
pesos livres.”
Origami
Em fases mais avançadas da doença, o paciente pode ter dificuldades em
desenvolver a motricidade fina, que são os movimentos precisos, como
abotoar uma camisa, escrever ou pegar coisas usando apenas dois dedos.
De acordo com a fisioterapeuta Mariana, a prática do origami estimula a
motricidade e dá mais precisão aos movimentos, tornando essas
atividades mais fáceis. “Também podem ser feitos outros exercícios
específicos para a motricidade fina, como apertar um pregador ou
envolver as mãos em um elástico e fazer movimentos de abrir e fechar”,
afirma.
Trabalhar a fala
O paciente com Parkinson pode apresentar dificuldade para engolir e
alterações na fala, como a gagueira. A fonoaudióloga Arminda Sarpa,
coordenadora do setor de Fonoaudiologia da Associação Brasileira
Beneficente de Reabilitação, explica que podem ser feitos exercícios
para coordenar a respiração e a fala do paciente a fim de que ele
supere essas dificuldades. Aulas de canto e leitura em voz alta, com a
orientação de um fonoaudiólogo, também são úteis para superar
dificuldades orais.
Existe também um aplicativo para iPhone e Android chamado DAF Assistant,
que funciona como uma espécie de eco – você fala no dispositivo e ele
te retorna o mesmo áudio atrasado em uma fração de segundo. Isso dá a
impressão de que o paciente está falando junto de outra pessoa e ajuda
na fluência. O aplicativo custa 12,99 dólares para os dois sistemas e
pode ser comprado nos links:
http://itunes.apple.com/app/daf-assistant/id309496166?mt=8 (iPhone)
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.artefactsoft.daf (Android)
Ginástica facial
Outro fenômeno comum da doença de Parkinson é a perda de expressão
facial, resultado da rigidez muscular. De acordo com Arminda Sarpa
Nesses, exercícios como os da ginástica facial podem ajudar o paciente
na recuperação dos movimentos das sobrancelhas ou boca.
Exercitar a mente
O paciente com Parkinson pode apresentar problemas de memória e
raciocínio. Segundo o neurologista André Lima, da Academia Brasileira
de Neurologia, existe até um distúrbio chamado demência parkinsoniana,
que é resultado de uma mente com Parkinson pouco estimulada. “Por isso é
importante trabalhar a mente do paciente com Parkinson com jogos,
aulas de música e leitura, por exemplo”, diz André. Nesses casos, a
atividades podem ser diárias e de acordo com a preferência ou aptidão
do paciente.
Convívio social
Em decorrência das limitações físicas que se desenvolvem
progressivamente, o portador de Parkinson pode sofrer um abalo
psicológico e até apresentar um quadro de depressão. ?Para evitar a
apatia no paciente, é recomendado que ele continue a fazer todas as
atividades de antes, mesmo demorando um pouco mais de tempo?, afirma o
neuropsicólogo, especialista em idosos, Alexandre Monteiro, do Rio de
Janeiro. “Manter a autoestima também é um fator positivo para evitar ou
combater a depressão, e é importante que ninguém force o paciente a
fazer atividades que não o agradem ou exigir velocidade na execução das
tarefas”, diz.
Atividades manuais como pintura,
cerâmica e artesanato podem ser benéficas e minimizar o desgaste
emocional. “Isso porque a área cerebral responsável pela concentração
para realizar estas tarefas é a mesma área que provoca os tremores, se
esses neurônios são desafiados, o sintoma que caracteriza o Parkinson
pode diminuir”, afirma Alexandre. Além disso, conversar com familiares,
amigos ou mesmo um grupo terapêutico podem ajudar pacientes que têm
vergonha de sua condição. “Grupos de apoio e palavras de carinho podem
não alterar a progressão de perdas funcionais, evitam o desenvolvimento
de doenças oportunistas, como a depressão.”
Fonte: Site Yahoo Minha Vida
TRANSCRITO DO BLOG DA APPP: